Embriões de baru, tamboril e mamoninha, vistos no microscópio (Crédito: Milene Alves)

Coletora Milene Alves pesquisa a resistência das sementes à emergência climática

Data da publicação: 16/02/2022

Ciência na RedeColetores urbanosNova Xavantina

Pesquisa de mestrado da Milene na Universidade do Estado de Mato Grosso testa a germinação de 10 espécies de sementes nativas mais comercializadas pela Rede após exposição a altas temperaturas; resultado da pesquisa será publicado em junho de 2022

Qual é o impacto da emergência climática na germinação das sementes nativas da floresta Amazônica e do Cerrado?


Instigada pela pergunta, a coletora e integrante do comitê diretivo da Rede de Sementes do Xingu, Milene Alves, está desenvolvendo uma pesquisa de mestrado com esse tema, pelo Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), campus de Nova Xavantina (MT).


Milene tem submetido 10 espécies de sementes mais comercializadas pela Rede a temperaturas que variam entre 35º e 60º C, em ambientes controlados e por períodos determinados, simulando um dos efeitos térmicos da emergência climática.


Entre as sementes mais resistentes ao aumento da temperatura, estão jatobá e baru, que germinaram mesmo depois de serem expostas a 60º C. Porém, a porcentagem de germinação foi inferior, se comparada com a taxa de germinação das sementes testadas nas demais temperaturas.


Já o ipê foi bastante afetado pela variação da temperatura. Quando expostas a 60º C, suas sementes morreram e não germinaram.


“A gente acha que 60 graus é uma temperatura impossível. Que nada! Em alguns lugares do Brasil, já houve ocasiões em que a temperatura chegou a 49º C, com sensação térmica de 50 graus”, diz a estudante.


Milene Alves, que também é coletora e membro do comitê diretivo da Rede de Sementes do Xingu, está estudando a resistência das sementes de Amazônia e Cerrado à variação de temperatura da emergência climática (Foto: Claudio Tavares/ISA)


A pesquisa da Milene está sendo desenvolvida no Laboratório de Ecologia Vegetal da Unemat, orientada pela professora Beatriz Schwantes, com apoio do Laboratório de Sementes Profª Drª Vanessa Cristina Theodoro de Almeida, e participação das pesquisadoras Regiane Batista Santos, e das irmãs Maria Alice e Maria Luíza Pereira Damasceno.


Neste primeiro semestre de 2022, a pesquisa entra em sua fase final. Os resultados devem ser publicados em junho deste ano, e apresentados aos coletores da Rede de Sementes do Xingu no próximo Encontro Geral, previsto para acontecer entre julho e agosto de 2022.


A apresentação de resultados de pesquisas sobre temas concernentes à Rede de Sementes do Xingu faz parte do protocolo de atendimento às pesquisas acadêmicas, lançado em agosto de 2021, no qual a dissertação de Milene também está inscrita.


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